Pois é, ainda em 2008 eu prometi um post ao gran-chefe César sobre o que eu estava ouvindo ultimamente... Pois aí vai, amigo!
Tenho ouvido muito música folclórica latina... Foi voltando do trampo, um dia no trem, que escutei no IPOD da menina que tava do meu lado uma canção (no último volume!) que me deixou com gostinho de quero mais... A canção era essa aqui ó.:
GRACIAS A LA VIDA - Cantado por MERCEDES SOSA e JOAN BAEZ de VIOLETA PARRA -
Eu gostei dessa canção assim que ouvi! Na época eu já conhecia bastante coisa dos nossos "hermanos", mas essa canção curiosamente não... Daí saí procurando informação sobre a música e tal. Descobri que a versão original da canção foi composta por Violeta Parra, ela era chilena e, também, um mito.
" A obrigação de cada artista é colocar o seu poder criador a serviço dos homens. Já é arcaico cantar aos riozinhos e às florzinhas. Hoje a vida é mais dura e o sofrimento do povo não pode ser ignorado pelo artista.
Violeta Parra 1917 - 1967”
Sabe aquela época do Brasil, onde o Caetano usava terno rosa nos shows para começar uma revolução?
Ou quando os NOVOS BAIANOS cantavam contra a ditadura e a favor da liberdade de expressão entre outras coisas?
Lembra do Tropicalismo?
Pois é, essa chilena foi um dos ícones de uma revolução também, só que hispana. Seu trabalho artistíco atingiu todos os países de fala castelhana como uma bomba, impulsando uma mudança no cenário latino junto com outros artistas emblemáticos.
Como compositora foi pioneira em cantar sobre o sofrimento do povo, a luta, o trabalho e todas as dificultades que existem, e mais ainda, existiam para que um pobre conseguisse ter acesso a cultura como a maioria burguesa. No caso dos países latinos, a cultura do povo campesino era quase indígena considerado com outros países ou inclusive nas capitais das próprias nações... De fato, ainda hoje, em PARAGUAY falar guaraní em Assunção é motivo de vergonha entre os próprios nativos, e o mesmo acontece em BOLÍVIA e PERU referente ao quechua e o aymara...
A sensibilidade militante de Violeta Parra era tanta que chegou a e expressar nos versos de Décimas Autobiográficas estas palavras:
Eu não protesto por mim
Porque sou muito pouca coisa,
Denuncio porque para a sepultura
Vai o sofrimento do mendigo.
Ponho Deus por testemunha
Que não me deixe mentir,
Não é preciso sair um metro fora de casa para ver o que aqui nos passa e a dor que é o viver.
Uma história curiosa da luta hispana por ter uma vida digna, por serem livres, entre outras, é a seguinte.:
Uma entidade religiosa que tinha como fim dar cabo a violência e os horrivéis assassinatos que foram cometidos na época da ditadura chilena, (Que chegaram a centenas e centenas na década de 80) resolveu convocar o povo para uma jornada chamada “Chile defiende la Vida”no dia 9 de agosto de 1984. A jornada consistia em que todas as pessoas, ao meio-dia, parassem seus trabalhos, estudos, ou qualquer outra coisa que estivessem fazendo, para cantar a canção que coloquei no vídeo acima. O povo também estava convidado a levar uma flor e uma vela perto da catedral dessa entidade em contra da ditadura instituída naquela época, pelo régime PINOCHET.
"Foto - PLAZA DE ARMAS
Santiago, Chile - reprodução"
Bom, o resultado foi que o povo chileno acudiu em massa ao convite, cantando em uníssono a canção de Violeta Parra.
Este dia foi uma demonstração evidente que o povo chileno apoiava ao lema "paz, amor e esperança" e que uma coisa tão simples como uma canção pode impulsar as pessoas a algo bom...
Pena que, ao final, o régime ditador conseguiu expulsar os organizadores do evento, assim como alguns participantes do país algum tempo depois.
Outro detalhe curioso, é que muito chilenos adoravam, e ainda adoram, o governo Pinochet, mas este post não vai debater sobre isso...
A trajetória da vida da autora nunca foi uma mar de rosas... apesar de cantar esperança ela vivia em uma desgraçada depressão. Tentou o suicídio inúmeras vezes, depois de ver o fracasso de não encontrar o companheiro no amor entre outras tantas tribulações na vida pessoal. Em 1966 ela lança o excelente albúm Las Últimas Composiciones onde "Gracias a la vida" foi apresentada pela primeira vez. Um ano depois, com 49 anos, Violeta Parra se suicida deixando esta mensagem de satisfação a vida por tudo que passou enquanto esteve aqui... Sempre achei estranho isso, ela enaltece a vida na música, e ao mesmo tempo, achava que não merecia mais viver... ainda assim, sente o desejo de dizer-lhe; obrigado!
¡Gracias a ti Violeta, por tu hermoso legado hacia nosotros!
Rdelton não posta, destrói!!!!
ResponderExcluirBem Vindo, estava sentindo sua falta.
ótimo post.
Semana que vem vou viajar e se puder cobrir minha ausência com posts maravilhosos desses ficaria não só agradecido, mas emocionado e ansioso para ler essas coisas maravilhosas que traz para o blog.
Valeu chefinho! Obrigado pelo comentário... ;P
ResponderExcluirTentarei manter o blog atualizado, ok?
Abraços amigo!