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1 de maio de 2011

QUEM CONTROLA O PASSADO CONTROLA O FUTURO

O título desse post é uma referência ao livro 1984 de George Orwell. No romance uma crítica muito poderosa é feita aos regimes totalitários, especialmente ao governo do outro lado da cortina de ferro.
 
Uma das ferramentas do “governo” do Big Brother era manipular o passado (alterando eventos e livros didáticos) para convencer e cooptar os cidadãos contemporâneos e, finalmente, integrá-los a verdade construída pelo regime totalitário.
 
A vida imita a arte e a arte é inspirada na vida. Mas tem momentos que a ficção torna-se um duro, frio e cruel espelho da realidade. O governo Dilma acaba de soltar uma das pérolas típicas de governos autoritários – embora deva ressaltar que o atual governo não tem nada de autoritário e que nossa democracia é pulsante (esse texto é prova disso ).
 
O MEC acaba de aprovar livros didáticos, de História principalmente, que exaltam o governo Lula e criticam abertamente o governo FHC. A função básica da educação coetânea é contribuir para a formação de cidadãos, que entre suas habilidades esteja a de formular uma análise crítica sobre os eventos do passado recente e compará-los a sua vida. Entretanto, essa habilidade, a da crítica e comparação, não deve ser direcionada por um discurso oficial do Estado, pelo contrário.
 
Os jovens cidadãos devem desenvolver suas competências de forma livre e, assim, poderem por si próprios elaborar opiniões acerca do Mundo. É extremamente questionável a opção do Ministério da Educação em direcionar de forma político-partidária o discurso historiográfico apresentado à jovens e crianças.
 
Leia a seguir matéria publicada  no jornal Folha de S. Paulo (1/5/2011) e tire suas próprias conclusões





Livros aprovados pelo MEC criticam FHC e elogiam Lula
Obras atacam privatizações feitas pelo tucano e minimizam o mensalão

Comissão formada por professores avalia os livros, que são usados por 97% das escolas da rede pública de ensino

LUIZA BANDEIRA
RODRIGO VIZEU
DE SÃO PAULO

Livros didáticos aprovados pelo MEC (Ministério da Educação) para alunos do ensino fundamental trazem críticas ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e elogios à gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma das exigências do MEC para aprovar os livros é que não haja doutrinação política nas obras utilizadas.

O livro "História e Vida Integrada", por exemplo, enumera problemas do governo FHC (1995-2002), como crise cambial e apagão, e traz críticas às privatizações.
Já o item "Tudo pela reeleição" cita denúncias de compra de votos no Congresso para a aprovação da emenda que permitiu a recondução do tucano à Presidência.
O fim da gestão FHC aparece no tópico "Um projeto não concluído", que lista dados negativos do governo tucano. Por fim, diz que "um aspecto pode ser levantado como positivo", citando melhorias na educação e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Já em relação ao governo Lula (2003-2010), o livro cita a "festa popular" da posse e diz que o petista "inovou no estilo de governar" ao criar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
O escândalo do mensalão é citado ao lado de uma série de dados positivos.
Ao explicar a eleição de FHC, o livro "História em Documentos" afirma que foi resultado do sucesso do Plano Real e acrescenta: "Mas decorreu também da aliança do presidente com políticos conservadores das elites". Um quadro explica o papel dos aliados do tucano na sustentação da ditadura militar.
Quando o assunto é o governo Lula, a autora -que à Folha disse ter sido imparcial- inicia com a luta do PT contra a ditadura e apenas cita que o partido fez "concessões" ao fazer "alianças com partidos adversários".
Em dois livros aprovados pelo MEC, só há espaço para as críticas à política de privatizações promovida por FHC, sem contrabalançar com os argumentos do governo.

MENSALÃO
Já na apresentação da gestão Lula, há dois livros que não citam o mensalão.
Em "História", uma frase resume o caso, sem nomeá-lo: "Em 2005, há que se destacar, por outro lado, a onda de denúncias de corrupção que atingiu altos dirigentes do PT, inúmeros parlamentares da base do governo no Congresso e alguns ministros do governo federal".
A Folha não conseguiu falar com os autores da obra.
Uma das críticas feitas a Lula é o fato de ter continuado a política econômica do antecessor.
Os livros aprovados pelo MEC no Programa Nacional do Livro Didático são inscritos pelas editoras e avaliados por uma comissão de professores. Hoje, 97% da rede pública usa livros do programa.
São analisados critérios como correção das informações e qualidade pedagógica. As obras aprovadas são resenhadas e reunidas em um guia, que é enviado às escolas públicas para escolha dos professores.

Fonte: Folha de S. Paulo

FICO POR AQUI - THE BIG MULUSCO IS WHATING YOU

Um comentário:

  1. cara, realmente, na minha opinião lula foi bem melhor que fhc. Mas o mec editar livros exaltando um governo em detrimento de outro é extremamente perigoso. Uma coisa é um governo criticar o outro nas eleições, outra totalmente diferente é fazer o mesmo nas escolas, em livros.

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