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17 de junho de 2007

NOVIDADES NO BLOG: ESTRÉIA DO PRIMEIRO COLUNISTA

Quando reativei o Fronteiras no Tempo no MSN Space, atual Windows Live Space, há pouco mais de um ano tinha em mente praticar a escrita e abrir espaço para que outras pessoas também publicassem seus textos, tornando o blog em uma espécie de revista cultural. A pretensão não é mais tão grande assim, mas para minha grata surpresa surgiu uma boa oportunidade para abrir espaço para colunistas, ou colaboradores, para este blog.

O Manuel Cunha Pinto, graduando em jornalismo, me enviou algumas de suas crônicas e contos, após eu ter pedido a ele para publicar seus textos aqui no Fronteiras. Agradeço a cordialidade e posso dizer que para mim é um prazer tê-lo como o primeiro colunista deste blog.

Em breve devo colocar uma coluna à direita com um pequeno perfil dos “colunistas” e deixar um e-mail para contato para os interessados em publicar seus textos.

Chamo a atenção para a qualidade narrativa deste texto e, em especial, para seu desfecho.

Espero que apreciem e comentem.




O DIA EM QUE MEU DEDO FICOU VERDE
Manuel Cunha Pinto

Acordo assustado. Ainda não me acostumei com esse despertador. O outro eu havia destruído com um só golpe no mês passado. Fiz o que um ditador tem que fazer. Ele cometeu o crime mais grave na minha República Não-Democrática do Sono: me acordou às sete da manhã no domingo. Domingo! E eu o executei friamente. Mas dei o direito a um enterro digno no lixo do banheiro, não sem antes doar seus órgãos ao controle remoto da televisão, que precisava urgentemente de pilhas novas. O despertador novo tinha um olhar acusador. Insinuava que no caso da pena de morte do colega o erro foi meu. Mas estou certo de que o desativei na noite anterior. Que porcaria é essa? Ditador não justifica nada. Tenha paciência! Aposto que Fidel Castro nunca teve que passar por isso.

Coragem. Um, dois, três, vai. Enfim saio da cama. O braço esquerdo está dormente. Odeio quando acontece. É triste ver que há um membro mais preguiçoso ainda, numa corporação já cheia de molezas. Vai batendo nos objetos no caminho até o banheiro, aquela sensação estranha. O desespero para que volte ao normal. Eu repreendo a sua conduta. “Só mais cinco minutinhos”, ele pede. Para mim o assunto já está encerrado, e a vida do braço retorna antes que eu termine de fazer xixi. Não que faça qualquer diferença nessa hora, afinal eu sou destro. Mas isso não vem ao caso. Quando fui pegar minha escova de dente, já livre de qualquer sono, me segurei para não cair de costas. Por um segundo cheguei a pensar que estava sonhando, tamanho o absurdo da cena. Senhoras e senhores, meu dedo anular estava verde. A primeira reação foi abrir a torneira e esfregar com água e sabonete. Não, não era tinta.

A dúvida às vezes é pior que o fato em si. Por que diabos alguém amanhece com o dedo verde? Várias hipóteses. Poderia ser um vestígio de algum contato com seres extraterrestres. Isso. Fui abduzido durante a noite e submetido a várias experiências, que deixaram seqüelas no dedo. Bom, parece pouco provável. Pensei em gangrena, mas então era para o dedo estar preto, e não verde. Deixa ver. Talvez estivesse comendo muita verdura, assim me transformaria aos poucos num vegetal. Acho que levei muito a sério a frase daquele fortão no programa de tevê: “Você é o que você come”. Ridículo. Sentei na frente do computador para pesquisar sobre o caso. Acessei o site de busca e coloquei: “dedos verdes”. O máximo que consegui foi um filme sobre um presidiário que se transforma no guru da jardinagem. Realmente, aquilo não podia acontecer comigo, era mesmo coisa de filme.

Liguei para o trabalho e disse que ia faltar. Falei que estava doente. Não revelei a causa verdadeira, senão teriam certeza que eu estava doente. Marquei uma consulta com um médico da vizinhança. Era meio dia, verão, e eu tinha luvas de couro preto nas mãos. Lembrava aqueles assassinos que não querem deixar vestígios de impressões digitais. Andava rápido pela calçada quando uma nuvem resolveu sair do caminho do sol. Meu rosto se iluminou. De repente tudo aquilo fazia sentido: o dedo anular verde, especificamente na mão esquerda. Senti-me um enxadrista a observar o xeque-mate. Procurei o orelhão mais próximo e liguei para ela: “Meu bem, acho que não estou preparado para casar”.

2 comentários:

  1. Estou até agora sem entender porra nenhuma do final... o texto ia bem mas o final é escroto !

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  2. Lux, o dedo anelar é o que costumeiramente usamos a aliança de casamento. O final não é escroto, ele apenas é abrupto, estanca o texto, é direto. creio que o Manuel o fez dessa forma por uma questão de estilo - que ainda está em desenvolvimento.
    PORÉM, MUITO OBRIGADO PELO SEU COMENTÁRIO E PELA OPINIÃO SINCERA, ESPERO VÊ-LO MAIS VEZES POR AQUI.
    Você tem blog? se tiver deixe o link dele por auqi para eu visitá-lo.
    Abração

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